terça-feira, 25 de agosto de 2015

… Para cima!



E atreve-te a parir de verdade um momento puro de felicidade!
Atreve-te a deixar sair das tuas entranhas um orgasmo puro de generosidade.
Ama com todas as tuas forças e dá, dá, dá de verdade.

Deixa subir, emergir do fundo da tua garganta essa tua vontade
Não vês, que talvez
É disso que precise a humanidade!
Um géiser, um poço de intermitente felicidade!
Deixa-te parir e brotar e fazer parte da realidade
Que este poço não te meta medo é apenas a passagem de saída de um bom segredo.
E talvez se tiveres coragem de ser autenticidade
Equilibrada autenticidade isso nos faça falta!
Que este poço não te meta medo é antes a passagem do ar
Que te facilita o respirar!
E tu respira, e pensa no ar que este buraco deixa passar,
E tu respira e procura ver a luz que entra e podes ver!
E tu respira e atreve-te a parir um sorriso bonito de quem tem vontade de rir!

Lúcia Cunha

Uma ninfa de carne e osso



Hoje vou à luta. Sabes, prometo-te: hoje vou à luta. Uma luta pacífica e serena, na procura do bem e do equilíbrio.
Basta!
Que parvoíce fazer caminhadas com tralhas pesadas! Levo só o que me faz falta. Esvazio as algibeiras e talvez encontre coisas bonitas pelo caminho. Daquelas coisas bonitas que fazem as pessoas felizes, sabes?
E as pessoas? Há tanto tempo que não olhamos para as pessoas e não beijamos as outras pessoas e não damos nada às outras pessoas!
Faço a melhor postura possível e preparo-me para dar e caminhar e sorrir. Há dias que conseguimos e outros que parece difícil – o que importa é resistir e sorrir!
Já viste o tempo que perdemos nesta luta-labuta interior, se está lá fora quase tudo o que quer que seja e o que for… estou farta de te chamar, de te esbofetear para vida, e tu não vens… não achas que chega de fantasiar? Há realidade também em cristal, não há necessidade de nos transferimos para o irreal!
Sorrio. Tenho que sorrir.
Beijo-te. Apetece-me beijar e dar.
Às vezes é preciso viver no imaginário, mas hoje quero e tenho um pedaço de céu real.
Parece fácil, não é? Escrita corriqueira, coisa de lirismo tolo, sem qualidade… Mas eu só quero oferecer-te uma musa real em todos os dias da tua realidade. Só quero ser uma companheira leal, que também seja ninfa de carne e osso - de verdade.
 (...)
Lúcia Cunha

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Mensagem em garrafa de vidro


Uma Pergola. Gosto de visualizar essa imagem: uma Pergola junto ao mar. E é desde essa Pergola que atiro uma espécie de mensagem em garrafa de vidro.
Encerrada dentro das amarras que me atei. Quiçá seja fácil sair desta solidão, basta atirar esta garrafa ao chão, ou fazer quebrar as paredes que me prendem. Para já em silêncio atiro esta garrafa com mensagem de livro dentro e espero dissipar o sôfrego sentimento.
Sabes amigo, meu bom amigo, não consigo ser de outra forma se não ser honesta, com todos, contigo e comigo. Porque hei de viver de janelas fechadas, entre cidades muradas escondida atrás das cortinas e das fachadas?
Se não te tenho a ti, há de haver quem procurar ainda que noutras mordas e no imenso cosmos há de haver agora ou depois um amor que se concretize um amor que se eternize, um amor: nós os dois.
Enclausurada num esquema, num labirinto sou um peão defeituoso que não assenta bem no chão. Estou destinada apenas a este movimento neste tabuleiro onde assento, mas quem me diz que não posso ser talvez uma peça de colecção, ou num jogo de faz-de-conta cavalo, bispo ou até um vulcão?
Não consigo deixar de ser da forma única que sei ser. Nem fazer-de-conta que estou bem, fazer-de-conta que não está aborrecer... É-me impossível fingir que não gosto do que amo e que não sou o que tenho que ser.
(…) continua.

Lúcia