quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A identidade




Tenho vindo a refletir sobre trabalhar em grupo e em simultâneo a constatar que a identidade é um critério fundamental para o mesmo efeito. Não é possível trabalhar com entusiasmo, empenho e dedicação se não nos identificarmos com o projeto. Melhor, nem é possível sequer funcionar em grupo para o que quer que seja se não nos identificarmos “com”. Mas, se isto, por um lado parece um “chavão”, por outro pede clarificações, possíveis se formos capazes de responder à questão “O que é a identidade”.
Então, vamos procurar a definição. Comecemos sempre por aí. Foi algo que sempre disse aos meus alunos (nesse bom tempo) e que sugiro a qualquer pessoa: para destrinçarmos o significado geral de uma expressão devemos perguntar à expressão por exemplo “o que é?”; “Para quê?” “Porquê?”. Só entendemos as coisas se as questionarmos. Sim, é verdade, e convençam-se disso de uma vez por todas, a aprendizagem nasce na dúvida irrefutavelmente, como a semente só germina no tempo dela! É imperioso valermo-nos do momento em que a terra está boa para fazermos a sementeira! Quero dizer com isto, que é no momento da dúvida que devemos “fazer o ensinamento”! Como surge a dúvida? A dúvida só surge com o desconhecido e esta verdade de La Palice é fulcral, pois apenas confrontando alguém com aquilo que não conhece é que nele podemos suscitar a dúvida e a atitude. Portanto, devemos proporcionar imensos momentos com o desconhecido e depois explicar, explicar, informar, informar… sempre de uma forma acessível, ou seja contextualizada, essencialmente em termos de capacidade de compreensão do interlocutor e dos seus subsunçores cognitivos, de acordo com o conceito de aprendizagem significativa proposto originalmente na teoria de aprendizagem de David Ausubel.
Mas isto é outro assunto, concentremo-nos no fundamental de momento: A Identidade. O conceito identidade é amplo e pode ser definido em diversos âmbitos, interessa tomar como referencia o seu significado no âmbito da sociologia e da antropologia. Assim, a identidade refere-se à partilha das mesmas ideias e ideais pelo grupo num contexto de interação social, no qual o individuo forma a sua personalidade. Por sua vez para a antropologia a identidade prende-se com um mesmo conjunto de signos com determinado significado inteligível para o grupo e que o distinguem e caracterizam demarcando-o dos outros grupos numa perspetiva de alteridade.


(…)
Continua
Lúcia da Cunha

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Uma coisa chamada iniciativa.



Iniciativa, a palavra inimiga. Sim é verdade, se houvesse uma palavra non grata, era a palavra iniciativa! Porquê? Vejamos, comecemos pelo significado da palavra, num dicionário online qualquer, diz que é um substantivo feminino - tinha que ser, não é? Coisa do mal é sempre mulher! Diz ainda, que é a “ação de quem propõe ou faz primeiro algo”. Ora “propor” não é uma coisa que possa ser bem aceite no âmbito de um local de trabalho, ainda para mais os verbos “propor” e “fazer” juntos! São coisas que dão muito trabalho, convenhamos. Quer seja dirigido aos outros quer seja o próprio a fazer. Sim porque se há um individuo no singular que se atreva a pensar a propor e a fazer, por iniciativa própria – ora cá está a iniciativa outra vez – isto vai provocar a ira e a indignação quer de chefes, quer de colegas. Por razões óbvias.
Mas prossigamos e completemos a tese de que é uma palavra odiosamente repulsiva aos ouvidos de qualquer um, desde o chefe ao subordinado. Continuando, ainda na senda da própria definição de “Iniciativa”, e aqui não sei se realmente estou de acordo: “qualidade de quem é levado a agir espontaneamente”. Ora, como pode ser uma qualidade agir espontaneamente? Então experimentem no lugar de trabalho agir espontaneamente! Já estou mesmo a ver o chefe “Aí você quer agir espontaneamente, seu malandro?! Você acha que me pode desautorizar e fazer as coisas à sua maneira, Você não se consegue integrar na sua equipa e ainda por cima acha-se melhor que os seus colegas! Então você acha mesmo que o sistema implementado na minha empresa não funciona! Olhe e já agora porque é que não vai tomar iniciativa para outro lado!”
Catastrófico!
Mas, ainda não podemos concluir a nossa análise, e como eu não quero tomar a iniciativa… baseio apenas a minha análise na definição pura do termo, que continua: “ânimo ou disposição natural de quem faz alguma coisa antes dos demais.” Ora, AINDA POR CIMA, a iniciativa é como uma doença congénita, é algo que nasce com quem nasce… SE NÃO LEIA-SE “disposição natural” e como se não bastasse é alguém que se atreve, imaginem a fazer “alguma coisa antes dos demais”, não vá o diabo tece-las e correr tudo mal!
A iniciativa é… uma mosca!


A Lúcia

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Era uma vez…



Era uma vez…
Uma feira
Uma feira de vaidades.
É dilacerante. É dilacerante constatar-te como és. Às vezes parece que vou cair, suspensa fragilmente pela minha ingenuidade. Parece que vou cair a cada corte a cada embate da realidade.
Oxalá vista de uma vez o novo traje – o meu corpo envolto na minha alma. E que se lixe de uma vez o aspeto frágil… à fava o pequeno defeito à fava a sensação de que vou cair …
Isto vai melhorar. Isto só pode melhorar. Eu quero que melhore.
Eu quero que melhore.
Vou erguer-me e vai melhorar!

L.C.