quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

E a mim... abandonou-me a musica



E a mim, abandonou-me a musica e a musicalidade das coisas,
E a mim abandonou-me em desespero arrancada a alma,
E parece que nunca mais nada será igual
Parece que chegamos ao inicio do ponto final.

Nunca mais será igual a nada
E nada será igual.
Não sei se vejo o mal
Ou apenas vejo mal.

Só sei que nada será igual… e sinto que se perdeu algo de musical.
E a corda ficou encravada…

O silêncio abafa os gritos e esperamos que cheguem as águas e as lamas…
Para já, quanto durará este negro inverno?
Oxalá me voltes a cantar
Oxalá te volte a encontrar dentro de mim novamente
Faço-te o chamamento…
E não sei que nome de alguém te chamo neste momento…
Nenhuma outra personagem
Te pode caber
Vem, faz ressuscitar, nascer
Renovar...

Sinto que se recomeçar…
Sinto que talvez não te vás dissipar
Talvez não haja, já, perecer…
E haja porém algo de forte e força visceral
 De forte força em ventre negral
Seja mãe natureza imortal
Ou, então…
Talvez tenha razão
Deste vez foi grande o mal, não voltará nada
A ser como antes meu bom …
... Camarada.




Lúcia


quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Ode à vaca tresmalhada



Ó linda vaca tresmalhada!

Vaca sacra? Não, selada!
Com tamanha afeição...
Há lá vaca assim marcada,

trabalhosa e complicada? eu cá julgo que não!

Quem te deu esse lindo selo?
Porque me eriças o teu pêlo?

Oh! linda vaca tresmalhada
Davas tão bela peça de gado
E fazer-te fazer parelha não há boi em nenhum lado
Oh! Vaca linda marcada,
Não conhece dono não obedece a nada
Já nem sei se é fantástica a criatura ou peça inutilizada!
Não obedece sob porrada
Não obedece ameaçada
Para o jugo não vale nada
Nem charrua nem arado
Não a vendo para naco bem-talhado…
Porque é linda e é pecado
Raio de bicho engraçado
Já pensei na criação…
Não me quer a cobrição!
Não é que a vaca tem coração?!

- Já pensaste que essa vaca não reconhece dono nem patrão
Porque, se calhar vaca não é, e essa é a razão?
 

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Rasguei o céu com as mãos



Rasguei o céu com as mãos para poder respirar
A lua finalmente pariu e derramou luz
Algo que nos pudesse iluminar
Surgiu imaculada no negrume do pus


Por fim, vou nascer.
Por fim esquecemos de vez os Ogres
Por fim, vejamos só o que é e o que tem de ser.

Eu sou sempre:
Constante intermitente
Como luz dia evidente.

Lamento, se não me apoquento se é a ti que preocuparia,
Mas, em realidade, se eu não fosse coerente era a mim que puniria!
Não sou serva, muito menos que sirva o serviço que não me serve,
Por dentro da virtude e de tudo que à luz concerne.

Com as minhas duas mãos, rasguei o véu
Para deixar passar o céu
Deixai os astros respirar
Rasguei o arquétipo implantado
E se ainda não o rasguei… um dia será rasgado. 
Lúcia