quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Quando te vejo frágil



Quando te vejo frágil
Quando te vejo leve e quebradiça
Quando me escapas como um suspiro um eflúvio
Tudo parece negro
Tudo parece dúbio
Sinto as peias nos pés
Amarras e correias
Se te perdes… eu não sou não sendo mais tu o que tudo és…

Frágil
Fracasso, perda…
E não, não posso alimentar este apego
Que me apega e prende
Mãos e pés… e não respiro…
…não, não… é como perder o rumo e entrar no vácuo num deliro…

Agarro-me!
Não, tu ficas!
Agarro-te!
Não e fico forte e dura…
Que mais pode acontecer?
Tudo, aos poucos… em passos…
Vamos… vou…
Vai-se resolver.
É só um alustre do temer
Mas não profiramos a palavra para que a palavra não se torne ser.

Anda, agarra-te!
Nós não vamos morrer.
Anda agarra-te,
Não é hoje que vai acontecer,
Anda, nós hoje não vamos morrer!


Lúcia



segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Dissecada



Dissecada como uma lagarta.
Cortas-me a alma,
Amputas-me uma pata…
Colocas nas entranhas alfinetes
Talhas-me a bisturi
Metes a fundo os estiletes
Exploras a alma ali e aqui…
Ainda por cima… não quero que me etiquetes
Guarda o que pensas apenas para ti.

Viste quão triste é a flor analisada?
A pantera embalsamada?
A águia dissecada…
Saberás como é asa mas não voa
Onde está a graça de saber como é feito o violino
Se desmantelado não soa?

Não, não me classifiques…
Não, não me critiques.
Beija-me em cada estrofe
Lê o meu busto
Toma-me num olhar calmo
Daqueles que acalmam e tiram o susto

Não é fácil fazer amor assim…
Mas às vezes sai-me, a mim,
Se deixar ir…
Não conspurques os meus sonhos
Ameixa seca, negra por fora e por dentro preta
Não passas de um corpo vazio sem alma…
Matas-te às musas.
Mataste-me os anjos
Tens um lastro de morte e nojo
Isso, volta a sufocar-me a afogar-me…
Ai, sou como aquela flor bonita que talhas de vez enquanto
E depois regenera e as feridas vai curando.

Lúcia

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Metes gosto



Vá,
Arranca-te daí desse sofá
Vá tem coragem se és viril
Vá toma o mundo pelas hastes
E deixa de as levar se já as levaste

Anda lá
Deixa-te levantar
Deixa lá o o teu “avatar
Vem viver uma coisa séria e de verdade
Tu lá sabes o que é a amizade?!
Sente, sabe, sê
Deixa lá o “oi” deixa lá o “você”

Sente, cheira sabe e vê o porquê?
Tu sabes lá o que são estrelas?
Tu nem as ouviste, nem sabes o cheiro delas!

Deixa esse interface, e vem-falar-me na face!
“Metes gosto” e nunca me dizes bom dia, mas que desgosto!

“Metes gosto” e nem sabes andar de “bike”
“Metes gosto” e nunca abriste o meu site
“Metes gosto” e nunca me metes
A mim um like.

“Metes-me gosto”…e ainda por cima isto já parece pimba!

“Metes-me gosto” e nunca meteste no que eu…

Posto!

Lúcia