segunda-feira, 24 de abril de 2017

E que futuro teremos com este presente?



E eu sei lá que futuro terei?
Eu sei lá que futuro terei com este presente,
Sem o meu presente
E com tudo ausente?
Contudo, sei eu lá, que futuro com este presente?

Facultei-te a faculdade de me facultar facilmente
A facilidade de me teres presente
Mas agora conta me dou
Que estando aqui quase não estou
E estando aí quase não sou
E no fundo o que sempre me preocupou é:
Que futuro teremos com este presente?
E sem saber, quase por acidente,
O presente sendo momento e o próprio tempo,
também regalo se tornou
de alguém que o oferendou.

E eu só te digo,
Meu caríssimo amigo: que futuro provemos com o presente que não temos?
Que futuro prevemos com o presente que temos?
E, que temos presente, em nossa mente, sobre o que queremos…
E o que fazemos?
Há de ser cá um futuro, com o presente que temos!
E que futuro, com o presente que fazemos!

Lúcia

terça-feira, 18 de abril de 2017

Dores do corpo

dores do corpo:
um vulto morto,
uma múmia qualquer.

Eu vivi por dentro e por fora
a dor de não viver

dores do corpo:
sinto um nó no estômago
e uma contração involuntária
desde o ventre ao maxilar
sinto dores na coluna que parece que vai quebrar

dores no corpo:
daquelas que não se podem sublimar.
sustenho a respiração para depois respirar
e pacientemente, espero, só me resta esperar.
Dores no corpo...
e eu posso assegurar
que um dia vão terminar.

Dores no corpo...
de algo tenho certeza
que um dia vou partir e as hei de deixar.


Lúcia

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Dizem que as meninas não vão à guerra



Meu amor, dizem que as meninas não vão à guerra
e, por isso, é melhor assim… dizem cá na terra.
Mas, são as meninas que choram longe
 que fingem a própria existência
que vivem guerra em permanência
que precisam da de um monge paciência.

dizem que as meninas não vão à guerra
e que ainda bem assim…
mas tu batalhas todos os dias
arrancas a sangue as alegrias
sofres dentro de mim

dizem meu amor, que é melhor ter meninas
ao menos elas, não vá p’rá guerra
é o que sempre ouvi dizer cá na terra
mas tu partes de mim e és parte de mim
e eu… eu nunca fui menina, nunca me ausentei da treva.

E ainda dizem, que as meninas não vão p’rá guerra!

Lúcia Pereira C.