quinta-feira, 27 de julho de 2017

Bora lá mudar o mundo



“Olha,
Vamos lá mudar o mundo
Com a nossa sapiência do bem profundo
Bora lá mudar o mundo
Porque se nós não o mudarmos ele muda
E não fomos nós que o orquestramos
E não fomos nós os que o mudamos.”

E depois…
Depois há aqueles que se resignam
Porque sabem que o barco não vai bem
E que sabem que a orientação é o bem
Mas a força e a conjugação não vem…

E é extenuante,
A constatação revoltante
Da necessidade de justificar injustificável por ser o natural…
De argumentar o que deveria ser por ser
De defender o que realmente é…
E parece mais verossímil e real o nefasto, o mal…
E as palavras ficam-me engasgadas porque …
Parece que duvidamos que esse é o caminho…
E parece que agora é natural andar em círculos e oscilante
Toda a gente perdeu o referencial
Que devia ser uno constante…
Ai como às vezes é extenuante
Defender
o que realmente é em detrimento do que queremos ver
E rir
É a melhor forma de viver
Olha deixa-te ir
Nesse barco nessa viagem
E eu cá fico na margem
Pode ser que alguém não queira ir
Esborrachar-se na barragem.

Lúcia Cunha

segunda-feira, 24 de julho de 2017

"Em Marco conheci Março"



O meu primeiro poema… quer dizer aquele que era mesmo quase um poema dizia: “Em Marco conheci Março” e depois por aí a diante. Mas, naquela altura eu achava que tinha conhecido o muito e o tudo e que sem aquele Março na minha vida não havia primavera. 
Hoje, já nem me lembrava que tinha havido tal gotejo na primavera e o Marco está careca.
Eu… eu não sei, mas sinto-me fantástica na minha pele. Como certamente se sentirá o tal Marco do tal Março. Nada a dizer, nada a apontar. Isto apenas para esclarecer que a vida é feita de subidas e descidas.... e trambolhões. Nem os defeitos são tão graves, nem os feitos grandes! Tudo passa, tudo muda, tudo flui como vai ter de ser e da maneira que o fizermos acontecer. Porque nada aconteceu ainda realmente até ao momento de acontecer, o que for será do tamanho que for feito. Todas as mãos que moldam barro moldam-no a seu próprio jeito. Se não nos pusermos a batalhar nenhum corpo será feito!
No momento preciso, só queria deixar um aviso… tudo passa. Tudo muda. As coisas gigantes de hoje podem ser só frações insignificantes do nada de amanhã. E eu tenho uma esperança, ainda que vã que a coisa doente cure e se torne em coisa sã.
De igual modo, as areias da engrenagem vão-se acumulando a cada viagem e se nada for contrariado corre-se o risco de vermos o veiculo tombado...

Não se lá vai com o destino, nem com fado é preciso um bom tino e alguém com quem lutar lado a lado.
Lúcia

 

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Não se podem por rédeas ao vento



Oferece-me um caderninho de folhas de papel crepe
Tira-me com jeito destas trevas
Leva-te com jeito para onde te levas
Eleva-te com jeito para não te tocarem as feras

Dá-me um caderninho crepe
Para escrever os nossos segredos
Tens um mundo inteiro de medos
Esquece o que não são pecados
Vais ficar com os pés inchados
Mas pisarás os rochedos

De que lhe vale
Açoitar o animal
Não se podem por rédeas ao vento
Nem esporas à agua em nenhum momento
Oferece-me um caderninho
Para dissipar os medos
Evaporar em segredos
E respirar
Respira com força
Há sempre um fator de que ninguém está à espera
Inspira com força e manda tudo à…
 atmosfera.

Lúcia