segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Rasguei o céu com as mãos



Rasguei o céu com as mãos para poder respirar
A lua finalmente pariu e derramou luz
Algo que nos pudesse iluminar
Surgiu imaculada no negrume do pus


Por fim, vou nascer.
Por fim esquecemos de vez os Ogres
Por fim, vejamos só o que é e o que tem de ser.

Eu sou sempre:
Constante intermitente
Como luz dia evidente.

Lamento, se não me apoquento se é a ti que preocuparia,
Mas, em realidade, se eu não fosse coerente era a mim que puniria!
Não sou serva, muito menos que sirva o serviço que não me serve,
Por dentro da virtude e de tudo que à luz concerne.

Com as minhas duas mãos, rasguei o véu
Para deixar passar o céu
Deixai os astros respirar
Rasguei o arquétipo implantado
E se ainda não o rasguei… um dia será rasgado. 
Lúcia 

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Não venha aqui fazer xixi



Ai a minha liberdade
De respirar à vontade
De dar em generosidade
No momento e em verdade

Quando grilhões me impedirem
Quando as palavras já não saírem
De que vale uma luta
Num vale que não labuta
Numa espécie de má vontade
E eu acho deliciosa a diferença
Mas perniciosa a indiferença

Ai e se faz favor meu senhor
Não venha aqui fazer do seu xixi
Se não corro-o a vassourada
Que eu cá sei fazer bom uso da palavra
E para a si aqui não há, absolutamente nada!

Lúcia

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Meu amor, ouviste, passou a tempestade.



Já te disse que a tempestade passou?
Meu amor, ouviste, passou a tempestade,
Anda ergue-te e vem ter comigo
Estou serena e segura
Viste a égua na colina
Fêmea esbelta e madura
Esvoaçava a negra crina…

Sinto saudades amor, dos abraços e dos braços
Dos lábios e dos beijos
Tenho acalmados os ansiosos e calados os desejos
Onde estão meus laços?

Oh meu amor deixa lá, vamos comer castanhas
Alimentar as entranhas
E deixar do discursivo disruptivo…
Do teu ar evoluído envolvido…

Agora sinto que nunca mais posso falar
E que os meus lábios são segredos
Restam-nos os momentos e os rochedos
Que se lembram do nosso amor
Sinto no meu interior
Cada toque do teu corpo
E o meu que não está morto
Vive jubila quente, como magma no ventre
Amo-te como a Terra pulsa magnânima vida
Amo-te como uma erupção explosiva
Com uma dedicação efusiva…

Mas agora, amo serena
Porque é tempo de recolher
Espero atenta o momento de fazer
Oh, meu amor vamos comer castanhas, aí num parque qualquer
Onde as folhas do outono pelo sol banhadas, fazem um doce deleito, prazer
Deitar-me no teu peito sentir-te nascer
Podemos descansar e apenas ser?